95 Anos do PCP<br>– Sempre com os trabalhadores<br>e o povo

Ângelo Alves (Membro da Comissão Política)

O Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês co­me­mora no pró­ximo do­mingo 95 anos de exis­tência, luta e in­ter­venção. Du­rante este mês, por todo o País e no es­tran­geiro, serão re­a­li­zadas cen­tenas de ini­ci­a­tivas de co­me­mo­ração do ani­ver­sário do mais an­tigo e his­tó­rico par­tido por­tu­guês, um par­tido único no pa­no­rama po­lí­tico na­ci­onal, pro­fun­da­mente res­pei­tado em todo o Mundo.

Temos de facto or­gulho nestes 95 anos

O PCP tem um he­róico pas­sado e uma his­tória no­tável. São 95 anos de ini­gua­lável com­pro­me­ti­mento com os va­lores da li­ber­dade, de­mo­cracia, jus­tiça, pro­gresso e paz; 95 anos de luta in­can­sável em de­fesa do ideal co­mu­nista e do pro­jecto da so­ci­e­dade nova – o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo; 95 anos de de­di­cação aos tra­ba­lha­dores, ao povo e ao País, e sempre ao ser­viço dos seus justos in­te­resses e as­pi­ra­ções.

Isso deve-nos en­cher de or­gulho. E enche! Or­gulho num Par­tido que já deu tanto ao povo por­tu­guês e a Por­tugal, nunca fa­lhando si­mul­ta­ne­a­mente com a sua so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista. Or­gulho na he­róica re­sis­tência à di­ta­dura fas­cista, re­sis­tência e luta que ha­veria de der­rotar a sua ter­rível má­quina de opressão e ex­plo­ração. Or­gulho na he­roi­ci­dade – as­sente em prin­cí­pios, dis­ci­plina, ideais e or­ga­ni­zação – de todos aqueles que sempre olharam a luta como uma na­tural ex­pressão da sua pró­pria exis­tência, mesmo que isso sig­ni­fi­casse ar­riscar a vida ou ser preso e tor­tu­rado nos ca­la­bouços do fas­cismo. Or­gulho num Par­tido que nunca virou as costas à luta, e que sempre que foi gol­peado, mer­gu­lhava fundo nas suas raízes – os tra­ba­lha­dores e o povo – para ir aí buscar as forças que pa­re­ciam não existir, le­vantar-se de novo e se­guir mais forte. Or­gulho num Par­tido, nos seus mi­li­tantes e di­ri­gentes, que sou­beram em cada mo­mento iden­ti­ficar – lendo na di­a­léc­tica da re­a­li­dade e da vida e ma­ne­jando com mes­tria o mar­xismo-le­ni­nismo – as etapas, pri­o­ri­dades e ob­jec­tivos que gui­aram Por­tugal e o seu povo pelos ca­mi­nhos de Abril que de­sa­guaram nesse mar de es­pe­rança e de con­quistas, mo­mento maior da His­tória de Por­tugal – a Re­vo­lução de Abril. Or­gulho num Par­tido que nunca va­cilou pe­rante di­fi­cul­dades, que soube sempre qual o seu lugar na His­tória e nas bar­ri­cadas da luta de classes e que pro­ta­go­nizou, e pro­ta­go­niza, uma re­sis­tência con­tínua à contra-re­vo­lução, à po­lí­tica de di­reita e à sub­missão de Por­tugal aos in­te­resses im­pe­ri­a­listas.

Temos de facto or­gulho nestes 95 anos. Um or­gulho que não é con­tem­pla­tivo, mu­se­o­ló­gico ou es­pec­tante, mas antes um or­gulho que ar­ti­cu­lado com a res­pon­sa­bi­li­dade re­vo­lu­ci­o­nária nos ca­ta­pulta para o fu­turo como um grande par­tido na­ci­onal, pre­pa­rado para todos em­bates e para uma ab­ne­gada, co­ra­josa e ge­ne­rosa in­ter­venção.

Nova fase da vida po­lí­tica

Al­guns dizem que o PCP é uma «for­ta­leza». Nada mais er­rado. O PCP não é es­tá­tico, não se fecha entre mu­ra­lhas. Pelo con­trário, o PCP com­bate em campo aberto, e está lá onde é pre­ciso, onde está o povo, sendo a sua «re­serva es­tra­té­gica» de co­e­rência, se­ri­e­dade, força e per­sis­tência. O res­peito que lhe é me­re­cido por muitos advém da sua na­tu­reza de classe, da sua ide­o­logia, do seu pro­jecto de De­mo­cracia Avan­çada e de So­ci­a­lismo, dos seus prin­cí­pios de fun­ci­o­na­mento, da cons­ci­ência de classe dos seus mi­li­tantes e qua­dros, da sua or­ga­ni­zação e da sua in­tensa e cons­tante li­gação às massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares. É essa força, essa li­gação e se­gu­rança que per­mitem a este Par­tido travar as mais duras e exi­gentes ba­ta­lhas, nunca perder o rumo nem a sua con­dição de par­tido re­vo­lu­ci­o­nário, e, em cada mo­mento, com uma no­tável fle­xi­bi­li­dade tác­tica, fazer tudo o que está ao seu al­cance para de­fender os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo.

É essa luta que nos trouxe até aos dias de hoje. Se hoje es­tamos numa nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal a dis­cutir nas ins­ti­tui­ções a re­cu­pe­ração de di­reitos e de ren­di­mentos; se hoje es­tamos a travar a vi­o­lenta ofen­siva re­ac­ci­o­nária contra Abril e a de­mo­cracia que es­tava em curso, é à luta e ao papel do PCP nela que o de­vemos. E isto não é pouca coisa num Mundo mar­cado pelo vi­o­lento apro­fun­da­mento da crise es­tru­tural do ca­pi­ta­lismo.

Os nossos ad­ver­sá­rios sabem disso. E daí o seu vi­o­lento ataque anti-co­mu­nista. Mas a la­dainha do PCP a lutar pela sua so­bre­vi­vência não pega com a re­a­li­dade de um Par­tido di­nâ­mico, in­ter­ven­tivo e audaz que pegou no tes­te­munho que o povo lhe passou, deu ex­pressão à sua luta e forçou a aber­tura de ca­mi­nhos que a te­oria das ine­vi­ta­bi­li­dades queria fe­chados a sete chaves. E se vi­emos da luta e com ela aqui che­gámos, será com a luta, e sempre com os tra­ba­lha­dores e o povo, que pros­se­gui­remos. Porque este é o Par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores, o Par­tido de Abril, o Par­tido da De­mo­cracia e do So­ci­a­lismo.




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